A fixação das pessoas em seus locais de origem é um
tema presente sempre que se discute o futuro do Brasil, mas não temos sido
eficazes na interiorização do desenvolvimento.
A ação social que a Fundação Odebrecht -instituição sem
fins lucrativos mantida pela Organização Odebrecht- desenvolve no Baixo Sul da
Bahia, com concentração pessoal e dedicação de Norberto Odebrecht, presidente
de seu Conselho de Curadores, nos traz algumas importantes lições.
A primeira é que qualquer comunidade, por mais pobre
que seja, dispõe de quatro capitais: o humano, formado pela gente que ali vive;
o social, que são o conhecimento que aquele grupo acumula e as relações entre
os que dele fazem parte; o ambiental, formado pelos recursos naturais ali
existentes; e o produtivo, que é a combinação dos três anteriores para a
geração das riquezas necessárias à sobrevivência digna de todos,
potencializando as vocações locais.
A educação é o meio para desatar as forças da
comunidade e capacitá-la para articular os capitais na busca do crescimento com
desenvolvimento.
A segunda é que o foco deve ser na família, para que
funcione como uma âncora para o indivíduo, tendo como referência o jovem
preparado para ser um agente ativo no processo de transformação da realidade
local.
A terceira é que a geração de riquezas deve se dar a
partir da estruturação de cadeias produtivas para as quais a região tenha
vocação clara.
Os produtores se reúnem em cooperativas e os jovens são educados em casas familiares. As casas familiares são instituições profissionalizantes que adotam uma pedagogia de alternância: os alunos passam uma semana na escola, em regime de internato, estudando em período integral, e duas em casa, ajudando os pais e aplicando os conhecimentos adquiridos.
E, finalmente, a mais importante das lições é que as pessoas preferem viver no lugar onde nasceram se têm saúde, educação, cultura, lazer e oportunidades de trabalho em quantidade, com qualidade.
No Baixo Sul da Bahia isso tem se mostrado suficiente
para promover profunda alteração no estado de espírito de quem sempre foi
vítima de um esquecimento secular.