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Comportamento
Os streakers rompem com as normas do politicamente correto. Para muitos,a nudez já não é tabu,mas continua a ser transgressora: é a forma de atrair mais atenção
As playmates de agosto
A revista “Playboy” recorre a dez desempregadas da Enron para aumentar as vendas
Nunca lhes havia passado pela cabeça que a empresa onde trabalhavam pudesse falir, e muito menos ficarem famosas às custas dessa quebra. Dez desempregadas da Enron posaram para a revista Playboy, em frente à sede da multinacional norte-americana. A escolha foi difícil: foram mais de 300 candidatas dispostas a ser capa da ‘Playboy’ do mês de agosto. Com dez páginas reservadas às playmates da Enron, a revista pretende alcançar recordes de vendas. Houve até quem quisesse abrir um debate sobre os limites éticos do marketing, se é que ainda existem, mas as “modelos” já disseram, sem complexos, que posaram por diversão e também para ganhar um dinheirinho extra.
Final do torneio de Wimbledon de 1996. Richard Krajicek e Malivai Washington estão na quadra, prontos para iniciar a final do torneio sobre a grama mais importante do mundo. De repente, uma jovem começa a correr pelo campo completamente nua. A cena, com dois seguranças tentando apanhá-la, serviu para descontrair Krajicek, mas custou o título ao americano. Ou, pelo menos, foi como justificou a derrota: “Vi aquelas coisas a balançarem na minha frente e fiquei nervoso”. Já na final deste ano do torneio, Mark Roberts aproveitou a primeira interrupção do jogo, provocada pela chuva, para brincar todo nu junto à rede. Mark Roberts e Melissa Johnson são streakers, termos que designa as pessoas que aprecem nuas em lugares públicos. Exibem-se com a mesma naturalidade com que dois mil anos antes faziam os atletas que participavam nos Jogos Olímpicos. Mas agora a intenção é bastante evidente: não tem a ver com a exaltação do corpo humano perfeito.
A primeira streaker passeou montada a cavalo pelo mercado de Coventry, no século XI. Lady Godiva aceitou o desafio do marido, responsável pelos assuntos financeiros da localidade, de atravessar Coventry toda nua, conseguindo assim que ele baixasse os impostos para os camponeses. Desde então, Godiva é uma referência para os streakers. Passaram para a história os jovens que, no meio de uma multidão, se manifestaram vestidos apenas com máscaras de Nixon, para exigir a sua ida à barra dos tribunais. Ou os estudantes portugueses que mostraram o traseiro em frente à Assem-
bléia da República, contra a polí-
tica das propinas, em 1995.
A reivindicação faz parte do espírito streaker desde as origens, mas o seu significado tem-se ampliado com os anos. Quais são os termos que o definem? Fundamentalmente, dois: trata-se de uma ação ilegal, que rompe com as normas do politicamente correto, e está planejada para ter repercussão nos meios de comunicação social. Ou simplesmente provocar o riso.
É um modo de desafiar o poder; tem algo de travessura infantil e implica uma descarga de adrenalina que normalmente acompanha as ações que rompem com as normas. “A sensação de risco pessoal aumenta a sua repercussão social”, afirma a psicóloga australiana Doris Mcllwain.
O pior são as ameaças. Em Pamplona, um habitante disse a um dos membros da Peta (People for the Ethical Treatment of Animals): “Vê lá se você quer que lhe cortem suas orelhas e seu traseiro.”
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As playmates de agosto |
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Ativistas da Peta (People for the ethical treatment of animals) desfilaram nus em julho deste ano pelas ruas de Pamplona, em protesto contra as largadas de touros que anualmente se fazem naquela cidade espanhola. Dezenas de ativistas de vários países europeus e dos EUA quiseram chamar a atenção para o sofrimento dos animais |
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Os operários do filme ‘The full monty’ têm feito escola, especialmente no Reino Unido. Na cidade de Cranwell, o corpo de bombeiros decidiu há dois anos ser fotografado deste modo para um calendário de beneficência |
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Os grupos antiglobalização surgem de surpresa sempre que podem em “encontros capitalistas”. Na imagem, numa assembléia do FMI, em abril |
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“Os direitos legais são inatos, e os meus também”, reclama um trabalhador de Hong Kong |
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Há dois mil anos, os atletas gregos já corriam nus nos Jogos Olímpicos como forma de exaltação do corpo humano perfeito |
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Esta reivindicação foi premonitória: a administração de Fernando de La Rúa caía dias depois de um grupo de argentinos se manifestar contra o congelamento das contas bancárias, frente ao centro financeiro de Buenos Aires |
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Ativistas pela ecologia protestam contra a venda de artigos de pele em frente a um dos grandes armazéns de Paris, em 1998 |
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Até agora, os streakers apenas têm sofrido uma ou outra detenção ou ameaças jocosas, como: “Vê lá se você quer que lhe cortem suas orelhas e seu traseiro.” |
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Um grupo de espectadores atenuaram o esforço dos corredores italiano Massimo Giunti e espanhol García Acosta, numa etapa alpina da Volta à França, de 1999 |
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A Inglaterra é um dos países com maior tradição streaker. Na imagem (1982), Erica Roe, considerada a rainha dos streakers, com 24 anos, ao ser detida pela polícia durante um jogo de rugby entre a Inglaterra e a Austrália |
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