Planeje tudo com rigor antes da partida (evite a época das chuvas, entre junho e outubro). Mapas, locais a visitar, onde dormir e comer. A zona para onde vamos, servida pelo aeroporto de Chiang Mai (a uma hora de vôo de Bangkok), somente há menos de uma década conheceu o significado da palavra turismo (dinheiro de plástico não existe e o câmbio é difícil) e as fronteiras nem sempre estão claramente definidas. Como a nossa viagem decorre, por vezes, fora de estrada, é fácil nos perdermos e entrarmos em território proibido.
Triângulo Dourado – Tente conhecer um pouco da história desta região denominada de Triângulo Dourado, precisamente porque o famoso rio Mekkong, que desce da China, serve de fronteira entre a Tailândia, o Laos e a Birmânia (agora Mianmar). Você vai, então, ficar sabendo que o antigo Reino de Ceilão, hoje Tailândia, foi até há pouco tempo a única parada pacífica, servindo, por isso, de refúgio e constantes correntes migratórias provenientes da China e do Tibete, não raramente da Índia e do Vietnã. Ao partir no jipe que previamente alugou, deve considerar esta realidade; só assim vai compreender as diferenças étnicas com que vai conviver, às vezes num trajeto de 30 ou 40 km. Contrastes gritantes na fisionomia das pessoas, nos seus hábitos, na afabilidade ou receio com que nos recebem.
Deve, também, saber que a principal fonte de rendimento na região foi, durante muitos anos, a agricultura: de subsistência, no caso dos bens alimentares (arroz, principalmente) e para rendimento, caso dos imensos campos de papoulas de ópio.
Zona do Ópio – Estamos, na verdade, na zona do globo que, oficialmente, só há pouco tempo perdeu o status de maior produtor mundial de ópio, depois do governo tailandês ter proibido esta atividade, num gesto apenas simbólico. Isto porque muitos agricultores preferem correr os riscos decorrentes das raras incursões do exército, do que abandonar a sua atividade milenar e que é, afinal, a única fonte de subsistência. É, por isso, comum depararmos com florestas densas que escondem no seu interior imensos campos de papoulas, como não é raro encontrarmos à nossa frente barreiras militares que impedem a nossa progressão, nos dando conta que entramos em território não tailandês. No fundo, o que se passa é que estamos nos aproximandos de uma zona controlada pelo conhecido Kun San, o homem que negocia praticamente toda a produção de droga desta região do mundo e que tem a seu serviço um poderoso exército. Embora não tenham uma atitude hostil, é bom que respeite as instruções daqueles militares e retroceda a marcha.
E não julgue, sequer, que deixou para trás algo que valia a pena conhecer. Nada disso. Ao optar por um caminho alternativo vai com certeza descobrir motivos de interesse muito maior. Nesta região, onde as estradas rareiam mas onde nem por isso é difícil reabastecer ou dormir em excelentes resorts, aquilo que realmente vale a pena é desfrutar da paisagem a cada passo surpreendente que alterna o verde luxuriante, salpicado pelas pequenas aldeias de casas em colmo, com o ocre do místico rio Mekkong e, sobretudo, tentar descobrir os raros santuários que os guias turísticos não citam numa tentativa desesperada das populações para preservarem aquelas que são as suas maiores riquezas
Vale a pena
>Pôr-do-sol no rio Mekkong
>Palácio da Rainha Sirikit, em Dci Thung
>Templo Budista Doi Suthep, em Chiang Mai
>Artesanato em Mae Sai, na fronteira com a Birmânia. Peças em madeira e em cobre
>Feira, à noite, em Chian Rai
>Mercado em Mae Hong Son, logo pela manhã, quando os camponeses descem das montanhas para vender o artesanato
Não vale a pena
>Visitar a aldeia Padong, junto à Birmânia, para ver as tristemente famosas mulheres de pescoço de girafa. É uma espécie de jardim zoológico humano, onde para entrar tem que pagar, dinheiro esse destinado à guerrilha birmanesa. Isto para ver mulheres de rosto triste e corpo desfigurado.
O que comer
>Resposta difícil. Quase tudo tem um ar suspeito mas acaba por se revelar inofensivo. À exceção da sopa de cobra ou da aguardente de centopéia.
Onde dormir
>Só nos “resort” devidamente assinalados nos mapas turísticos. Há locais paradisíacos. No Triângulo Dourado, o Hotel Meridian, em Mae Sai, é obrigatório, tal como o Royal Ping Garden, em Mae Taeg.
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O templo Doi Suthep, em Chiang Mai (1383)
Uma mulher da tribo Karen, com as suas vestes típicas
Vista do rio Mekkong, que faz fronteira entre a Birmânia, Tailândia e Laos
O Palácio da Rainha Sirikit, em Doi Thung
Criança da tribo Hmong, de origem tibetana
Diferenças étnicas marcam a população
A primeira aldeia birmanesa, na fronteira em Mai Sai
A aguardente de centopéia tem efeitos milagrosos...
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