Já lhe chamaram de beleza latina, mas ela merece que a tratem, no mínimo, por beleza americana. Ou mexicana, já que vai interpretar, e embelezar, a figura da pintora Frida Kahlo. Também lhe podem chamar uma mulher das Arábias. Porque O Ladrão de Bagdá vem aí e quer raptá-la. Quem é que pode recriminá-lo?
“Jennifer she said let’s do it right now”. Não sabemos se Jennifer Lopez conhece a canção de Lloyd Cole, mas não haja dúvidas de que aquilo que ela tinha a fazer o fez mesmo. Para quem a julgava mais uma boneca de pele morena e de combustão rápida, a atriz e cantora continua a provar que, mesmo sendo inflamável, não está disposta a deixar-se consumir pelas chamas.
“O sentimento de culpa é inútil”, costuma dizer, e de fato, se ela o tem, não há pecados que lhe queimem as asas. Angel Eyes é o título do seu último filme, o fenômeno de bilheteria americano da primavera. Se nesse drama a personagem que interpreta salva da morte, apenas com o seu olhar angélico, a vítima de um acidente, também é verdade que, ultimamente, qualquer coisa para onde se vire fica abençoado pelos seus olhos de sucesso.
Uma mulher que enxerga longe ou um anjo visionário? É certo que a beleza nunca fez mal a ninguém, mas Jennifer (ou JL como já começa a ser tratada) tem feito empreendimentos que ultrapassam os limites dos seus dotes carnais (ou visuais).
As asas servem para voar e ela, desde o momento em que foi em início de carreira uma fly girl no espetáculo musical In living colour, mostrou ter extrema versatilidade em tudo o que faz.
Basta compará-la a uma outra ninfa, de jornadas anteriores. Raquel Wech fez as capas de revistas dos anos 60, despertou o demônio nos rapazes da sua geração e até foi a primeira mulher a penetrar um homem (em Viagem Fantástica). Mas Jennifer fez isso e muito mais. Em A cela é uma psiquiatra que penetra na mente de um psicopata e, apesar dos perigos, sai-se bastante bem da encrenca.
Na vida real não o fez pior. O rapper Puff Daddy pode tê-la abandonado (dizem...), mas a isso ela teria respondido com um “puff” e seguido em frente. Nem a famosa perseguição policial de 99, na sequência de uma cena de tiroteio numa discoteca em que estava acompanhada do namorado, a fez cair. Chegou a ser presa, mas saiu logo a seguir, garbosamente.
A ladra de Bagdá - And the ass saw the angel. Com suas obsessões pela maldição e a vertigem do pecado e do desejo, este título de um romance de Nick Cave podia servir igualmente para contar a história da vida de Jennifer. A NBC assinou recentemente um contrato com a artista para produzir uma série televisiva sobre a sua adolescência, no bairro de Bronx, em Nova York. É duvidoso que venha a ser esse o título da série, mas nenhum outro lhe cairia melhor.
Em inglês, ass pode traduzir-se por burro ou traseiro. No caso do livro, é de fato de um burro que se trata. Mas se o traseiro de Jennifer causa sensação, não deixaria de ser uma burrice concentrar as atenções apenas nele.
Mulher previdente, já tratou de colocar no seguro o seu tão premiado bumbum e preocupar-se com outras coisas. Um traseiro não pode tapar o anjo, principalmente quando Jennifer não é propriamente uma anjinha. Como ela afirma: “só há uma pessoa com quem estou sempre competindo, eu própria.”
Filmes como Serena e Anaconda fizeram dela uma estrela, mas Jennifer também não ignora as grandes referências do cinema americano: Francis Ford Coppola (em Jack), Oliver Stone (U Turn) e Steven Soderbergh (Out of Sight), são produtores com quem já trabalhou.
De resto, o produtor de O Padrinho irá produzir, através da sua companhia Zoetrope, um dos projetos mais surpreendentes da carreira de Jennifer Lopez. Trata-se de The Two Fridas, um filme biográfico sobre a polêmica artista plástica mexicana Frida Kahlo. Com os seus traços rudes e um buço comprometedor, não se está vendo como é que Kahlo será retratada por Jennifer (a não ser que uma das duas Fridas, como sugere o título, estivesse este tempo todo). De qualquer maneira, espera-se que ninguém se atreva a colocar-lhe debaixo do nariz um apêndice tão desnecessário ao seu esforço de composição da personalidade férrea da pintora.
Com um grau menor de risco em causar um trauma profundo nos seus admiradores sobra ainda outro projeto grandioso. É que Jennifer, além de ter iniciado uma linha de moda à sua imagem, está envolvida numa nova versão de O ladrão de Bagdá.
Nos anos 40, em technicolor e com o famoso Sabu, Michael Powell já tinha feito uma versão monumental desta história das Mil e Uma Noites. Mas vislumbra-se em Jennifer uma perfeita Xehrazade e não haverá ladrão que não a queira raptar. É portanto para Bagdá que os seus fiéis devotos devem virar-se. Ela, por certo, fará distrair muitos daqueles que habitualmente apontam na direção de Meca.
Guitarra, não toques baixinho -“Barriga com barriga, pança com pança...” Conhecem essa pegadinha, cuja resposta certa é guitarra? Pois bem, se um dia lhe voltarem a fazer essa pergunta já um pouco defasada, surpreenda o seu interlocutor e responda logo “Jennifer Lopez!”
É que quando era uma mocinha apenas (enfim, apenas nunca foi), Jennifer era conhecida, entre os colegas da escola que frequentava, como La Guitarra. O seu mais do que tridimensional corpinho ondulante, em curvas mais apertadas do que a estrada de Santos, já então era popular e inspirava à musica.
Alguns anos passados, Jennifer Lopez conquistou algo mais do que o mero status de foxy lady provocadora e pecaminosa. É certo que ainda continua deixando queixos caídos, sempre que se apresenta em cerimônias públicas com os seus vestidos de arrasar. E é certo também que a sua vida amorosa e os prêmios da mulher mais desejada que continua a receber ciclicamente ainda fazem dela um assunto de colunas sociais.
Mais que Madonna - Já este ano, Jennifer Lopez conseguiu no entanto um feito em que a própria Madonna, com vinte anos de tentativas, fraquejou. Na mesma semana, atingiu o número 1 dos tops de vendas de álbuns e de bilheteria de cinema nos Estados Unidos, com J. Lo e Resistir-lhe é impossível, respectivamente.
Ao contrário da velha canção, portanto, a sua guitarra nunca esteve destinada a tocar baixinho. Com o seu primeiro álbum, On the Six, já conquistara o disco de platina. E em 1997, com o sucesso de bilheteria do filme Serena (sobre a estrela de música salsa com o mesmo nome que fora assassinada pelo presidente do seu fã-clube), tinha se tornado a primeira estrela latina a ganhar mais do que um milhão de dólares em Hollywood. “She Knows how to play?” é a pergunta que alguns céticos ainda não há muito tempo lhe faziam. Mas Play é mesmo o título de sua mais recente canção de sucesso. E, sim, definitivamente, Jennifer sabe mesmo how to play
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Jennifer Lopez conseguiu um feito em que a própria Madonna, com vinte anos de tentativas, fraquejou. Na mesma semana atingiu o número 1 dos tops de vendas de álbuns e de bilheterias de cinema nos Estados Unidos.
Nem a famosa perseguição policial de 99, na sequência de uma cena de tiroteio numa discoteca em que estava acompanhada do namorado, a fez cair.
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