C hegamos. . Estamos todos bem",disse Peter Hillary ao pai, do cume do Evereste, por telefone via satélite. Na casa da família, na Nova Zelândia , Sir Edmund Hillary recebia no videofone a imagem do filho sentado no cume do Everest, a 8.850 metros de atitude. Sabia o que ele estava sentindo. Há 50 anos, em 29 de maio de 1953, Sir Edmund e Tenzing Norgay tinham feito o mesmo percurso, tornando-se os primeiros a chegar ao teto do mundo. Agora, Peter e sete outros alpinistas tinham chegado ao topo da montanha, a convite da "National Geographic", para realizarem um documentário comemorativo da conquista do Evereste. Jamling Norgay, filho do Tenzing, também integrou a equipe. Ficou no Campo Base, controlando as comunicações.  
Peter chegou ao topo em 25 de maio de 2002, aos 47 anos. Para trás ficavam dois meses e meio de preparação mental e treino cardiovascular no Nepal. A equipe passou 24 dias no Campo Base, a 5.300 metros de altitude. Depois, Peter Hillary seguiu o percurso do pai, Edmund Hillary, agora com 83 anos, e Tenxing Norgay.  
A primeira tentativa de chegar ao cume fracassou por causa do tempo. Os alpinistas fizeram uma última investida. Saíram do Campo Base de manhã cedo. "Estava muito frio, pelo menos 30 graus abaixo de zero", recordou Hillary. A camada de neve era tão alta que chegava à cintura de alguns alpinistas.  
Ao longo da subida, Peter Hillary pensou muitas vezes que não ia conseguir chegar ao topo. "A certa altura, os meus dedos dos pés começaram a congelar", contou. Perto do pico, os ventos voltaram a ficar muito fortes. Peter colocou de novo a hipótese de voltar para trás, mas o vento acabou diminuindo. O alpinista seguiu o seu caminho. Para Peter Hillary, chegar ao topo, com Peter Athans, Brent Bishop, Nima Tashi, e os alpinistas  sherpas , uma etnia nepalesa, foi um grande sucesso.  
Mas nem tudo correu bem. "Houve momentos muito difíceis. Quase perdemos os dois operadores de câmara da "National Geographic. Foi um milagre eles não terem ficado esmagados por um bloco de gelo gigantesco", recordou. Peter Hillary explicou que "não é possível ajudar os outros durante a escalada. Quando alguém não está bem, a equipe espera um pouco para ver se essa pessoa recupera. Não podemos parar muito tempo porque senão as mãos e os pés congelam".  
Os aventureiros ficaram uma hora e meia no teto do mundo. Peter tirou fotografias, deu uma entrevista à CNN e fez três telefonemas. Um para Jamling Norgay, que ficara no Campo Base, outro para a mulher e outro para o pai. "Senti-me muito emocionado. Falei com as pessoas mais importantes da minha vida"