“A beleza das coisas está no espírito de quem as contempla”, afirmou David Hume. E está também no de quem as cria: pelo menos está no trabalho do fotógrafo Jurgen Osterhild. Nestas páginas, revelamos para você algumas das suas obras, assim como uma série de modelos estéticos de diferentes culturas. Num recente estudo, efetuado por psicólogos da Universidade de St. Andrews, na Escócia (Reino Unido), no qual um grupo de voluntá-
rios elegeu, entre outras coisas, o tipo físico que o atraía mais, a conclusão não deixa de ser curiosa. Todos procuramos alguém o mais parecido possível conosco
Estética e prestígio
O atrativo da tatuagem, a força física extraordinária ou a brancura dos dentes
As tatuagens, atualmente em moda na nossa sociedade, eram para os Maori uma espécie de maquiagem heráldica, conhecida com o nome de Moko, que definia a sua função e a hierarquia social, a família a que pertenciam e o estado civil. Com a chegada dos europeus à Nova Zelândia, esta dolorosa arte sagrada converteu-se em símbolo de orgulho de um povo. No Japão, por exemplo, é um orgulho pertencer à elite dos lutadores de sumô. Venerados pela sociedade, estes homens dão uma enorme importância ao seu aspecto físico (a gordura é mesmo formosura), dando especial atenção ao penteado típico. Para os homens da tribo borobo, na Nigéria, o ritual para atrair o sexo oposto consiste em ostentar uns dentes perfeitos e um branco dos olhos imaculado.
Aos olhos do público
Quando a beleza se converte em instrumento para conseguir a admiração
A psiquiatra norte-americana Nancy Etcoff defende na sua obra ‘A Sobrevivência do Mais Belo’ que as pessoas mais atraentes têm vantagens em relação às menos bonitas. Conseguem mais facilmente a confiança dos outros, possuem maior poder de persuasão e inspiram bondade. Além disso, acrescenta que existem certos traços físicos, como um nariz pequeno, olhos grandes e caras redon-
das, que todos identificamos como belos, porque os associamos ao aspecto de um bebê. Como se não bastasse, defende que a beleza física transmite, na realidade, uma promessa de fertilidade e de uma descendência forte e sã. Talvez assim se explique o êxito dos concursos de beleza, a existência de divas do cinema, as rígidas normas estéticas do vestuário ou da maquiagem...
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A harmonia dos traços
Estas pessoas não existem. O fotógrafo Jurgen Osterhild, que se considera um DJ da fotografia, criou rostos misturando diversos traços num computador. Objetivo: conseguir um modelo de beleza ideal e andrógino
Arte sagrada – Os Maori de Aotearoa (Nova Zelândia) conservam a tatuagem facial com orgulho, um símbolo de beleza e propriedade em relação ao seu povo. O homem da imagem foi fotografado por Hans Neleman. Com o seu livro, ‘Moko – Maori Tatoo’, Neleman é o primeiro estrangeiro a quem este povo permitiu fotografar e divulgar a sua arte sagrada. www.neleman.com
Elegância de peso – Os lutadores de sumô, que no passado se consideravam ‘tocados pelos deuses’, cuidam com primor do seu traje e do seu penteado, tanto em competição como na vida privada. Os de maior prestígio contratam mesmo um cabeleireiro pessoal
Ritual borobo – Estes são os aspirantes ao título de ‘Homem mais bonito do ano’ da tribo borobo (Nigéria). São as mulheres mais jovens quem os elegem, tendo em conta a qualidade dos dentes brancos e o branco dos olhos
Miss Travesti – Estas três beldades foram as vencedoras do concurso Miss Tiffany Universe 2000, realizado na Tailândia. Participaram 31 aspirantes, todos transexuais ou travestis
Normas de cores A ópera chinesa tem personagens fixos que obedecem a um paradigma de beleza. A abundante maquiagem segue uma simbologia de cor: o vermelho significa valor e justiça; o branco, engenho e astúcia; o preto, retidão e honra; o amarelo, habilidade, audácia e crueldade
O mito italiano – A modelo Monica Belluci surgiu no cinema com o filme ‘Malena’. A sua passagem por Hollywood transformou-a na nova rainha da sensualidade e no modelo de beleza de milhões de mulheres
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