Lula, Serra, Garotinho e Ciro. As faces públicas da disputa eleitoral em trânsito no país vão sendo apresentadas à população através dos meios de comunicação de massa.  
Esses meios de comunicação fazem surgir personagens com papéis tão importantes que podem definir os resultados da corrida pela sucessão presidencial: são as faces ocultas das eleições.  
Desconhecidos da grande maioria do povo, são eles que hoje praticamente decidem as cartas do jogo político, através da criação de imagens, definição dos discursos e divulgação de projetos. Todos os detalhes da campanha são baseados em pesquisas e técnicas publicitárias que envolvem e tentam convencer os eleitores de que o seu é o melhor candidato.  
Quem observa os rumos das campanhas não tem dificuldade para perceber o que Duda Mendonça e Nizan Guanaes pretendem fazer com a imagem de seus respectivos candidatos Lula e José Serra, só para citar um exemplo.  
Parece mesmo que os antigos colegas de trabalho no início da carreira de publicitário enfrentam um verdadeiro duelo pelo título de melhor marqueteiro político do país.  
Com a experiência de quem já reverteu imagens negativas como a de Paulo Maluf, Duda tem como principal desafio tornar a figura do rebelde ex-metalúrgico, que balançou as estruturas do ABC paulista em plena ditadura militar, em um homem preocupado com sua estética, bem vestido, capaz de freqüentar todos os tipos de ambientes e falar de temas polêmicos como dívida externa sem abalar a estabilidade monetária vivida pelo país.  
Os resultados das pesquisas mostram que Duda está no caminho certo. O número de intenções de votos para o petista continua crescendo, e analistas políticos já acreditam ser praticamente impossível reverter o atual quadro.  
Mas Guanaes traz na bagagem as campanhas bem-sucedidas de Fernando Henrique Cardoso. Vai enfrentar o drama de minimizar a tão propalada figura antipática de Serra. O baiano com fama de brigão e autoritário ficou órfão com o fim da bem encaminhada campanha presidencial de Roseana Sarney.  
Chamado para coordenar a campanha de Serra, Guanaes teve uma influência definitiva na escolha de Rita Camata como candidata a vice. Como argumento, trazia resultados de pesquisas que apontam a vontade do brasileiro de votar em uma mulher e o vazio deixado pela saída de Roseana no eleitorado feminino. Ponto para ele. As primeiras pesquisas divulgadas após o anúncio da escolha da deputada capixaba já apontam crescimento de Serra entre os eleitores.  
O resultado dessa guerra de titãs só mesmo as urnas dirão.  
Vamos aguardar.