Vidabrasil circula em Salvador, Espírito Santo, Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo Edição Nº: 301
Data:
28/2/2002
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» Editorial
O País do Carnaval
» Autos
Colecionar Uma paixão sem pátria ou idade
» Triangulo
João, o principal escudeiro pessoal do governador José Ignácio, tem faro apurado para detectar puxa-sacos
» Turismo
O suntuoso Plaza de Nova York, com seus 90 anos, continua sendo o maior símbolo da cidade
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Livres, enfim
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“VidaBrasil-melhores de 2001”
Boca Miuda

Livres, enfim  
O ex-secretário de governo, Gentil Ruy, o ex-subsecretário de Estado de Educação, Paulo Stefenoni, e o ex-coordenador de campanha do governador José Ignácio, Raimundo Benedito, o Bené, estão livres, depois de longos meses presos sob acusação de envolvimento em desvio de dinheiro na Cooperativa dos Funcionários da Escola Técnica Federal.  
O voto que deu a liberdade aos três foi dado pelo presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Alemer Moulin.  
ooo  
A propósito, Bené foi visto, como um cidadão comum, fazendo feira normalmente na Praia do Canto no último dia 21. Sem qualquer hostilidade das demais pessoas.  
Sinal de que a população talvez tenha outra visão de tudo o que aconteceu.  
 
Águia na cabeça  
Depois de divertir-se muito em um cruzeiro pelo Caribe com mais de 200 outros capixabas, José Carlos Gratz (PFL) voltou com muita disposição ao Estado. Falando, inclusive, em disputar o governo, com o apoio do PMDB, PPB e até do PSDB. Como não gosta de impor, garante que também pode abrir mão da sua candidatura, em favor de qualquer candidato de um dos três partidos.  
Quem o conhece sabe que o presidente da Assembléia, a essas alturas, deve estar até o pescoço nas articulações para conseguir seu objetivo.  
Com certeza, essa nova disposição foi em função do quadro político que encontrou no Estado, com o governador José Ignácio (PTN) candidatíssimo à reeleição. Se Gratz partir mesmo para a eleição majoritária, Ignácio quem sabe, pode passar-lhe o governo em 5 de abril lançando-se, com grandes chances, a uma vaga no Senado. O fiel dessa articulação passaria inevitavelmente pelo vice-governador Celso Vasconcelos.  
 
Quem pula  
Se a candidatura de Gratz ao governo virar mesmo pule de dez – com perdão do trocadilho infame –, muda tudo na sucessão e quem deverá dar um jeito de pular fora é o senador Paulo Hartung (PSB), que não vai querer correr o risco de perder uma eleição para o homem que seu grupo tentou ajudar a enterrar politicamente.  
Mas é certo, também, que neste caso Max Mauro (PTB) fica no processo para tentar criar um clima de bem contra o mal, não necessariamente nessa ordem.  
Aí vai ser uma campanha na base do quem pode mais chora menos, com repercussão na disputa nacional: Gratz daria palanque a Roseana Sarney e Max Mauro a Lula.  
 
Na Barra  
O prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) passou o Carnaval numa pousada da Barra do Jucu, onde desfilou no Bloco Surpresa.  
E aproveitou para tirar uma casquinha: “Os caras me sacaneiam, dizem que eu vivo viajando para o Rio, mas desde que sou prefeito nunca mais fui participar do Carnaval carioca ou qualquer outra coisa. Prefiro muito mais a Barra”.  
Em tempo: Luiz Paulo foi o fundador do bloco Simpatia Quase Amor, que por um bom tempo foi o principal do Rio, saindo de Copacabana.  
 
Criatura x criador  
Ex-prefeito de Sooretama, Ismael Loureiro (PSDB) vai sair candidato a deputado federal com o apoio do prefeito Guerino Zanon, de Linhares.  
Para ser uma pedra no caminho de José Carlos Elias (PTB), criador de Guerino.  
 
Marcus na segurança  
O deputado Marcus Vicente (PPB-ES) foi indicado pelo seu partido para substituir o líder Odalmo Leão (MG) na comissão mista especial de segurança no Congresso Nacional.  
E já saiu prometendo sugerir ao presidente Íris Rezende (PMDB-GO) amplo debate em todas as regiões do país em busca de soluções e sugestões para um programa nacional de combate à violência.  
Aqui no Estado, Marcus Vicente disse que vai realizar encontros e seminários com a sociedade civil e as polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal.  
ooo  
O outro representante capixaba na comissão é o deputado Magno Malta (PL), que presidiu a CPI do Narcotráfico.  
 
Macaquinho  
O presidente da Câmara de Vitória, vereador Ademar Rocha (PMDB), ficou com um macaquinho nas costas.  
Ele fez uma emenda à Lei Orgânica reduzindo de 20 para 15 anos a concessão do transporte coletivo da capital, o prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas vetou e voltou para o presidente a decisão de sancionar a lei ou comandar a derrubada do veto.  
Sobrou a pressão das empresas de um lado e dos vereadores do outro.  
 
Rasgação de seda  
Foi uma tremenda rasgação de seda a sessão da Câmara de Vitória na qual o prefeito Luiz Paulo foi prestar contas de sua administração.  
De prestação de contas, mesmo, não teve nada. Ele fez um discurso político-filosófico e nenhum edil fez questionamentos sérios, apesar de o ano passado e o início deste terem sido marcados por conflitos entre os dois poderes.  
Até o líder da oposição, Eliézer Tavares (PT), embora ressaltasse divergências ideológicas com o prefeito, disse que “Vitória avançou muito”, fazendo coro ao lema “Avança Vitória” da administração municipal.  
 
Máfia  
Um promotor mineiro foi assassinado por causa das investigações contra a máfia da gasolina batizada.  
Aqui no Estado, o promotor Fábio Vello, do grupo de combate ao crime organizado, tem em suas mãos denúncia contra a máfia das escolas batizadas.  
 
Revitalização  
Por falar em segurança, este é o setor do governo capixaba que mais funciona.  
Depois de realizar trocas de postos – o coronel Samuel Nascimento trocou a Casa Militar pelo comando da Polícia Militar, o coronel João Carlos Batista saiu do comando da PM e foi para a Secretaria de Justiça, o coronel Ribeiro foi da Justiça para a Segurança, e o tenente-coronel Carvalho assumiu a Casa Militar –, o governador José Ignácio anunciou um pacote de medidas para melhorar o setor.  
 
Dois pesos...  
Jader Barbalho (PMDB), que teve de renunciar para não ter os direitos políticos suspensos, acusado de um rombo milionário na área da Sudam, consegue um habeas corpus em tempo recorde, ficando apenas 16 horas na prisão.  
Aqui no Estado, o ex-prefeito Paulo Lessa, de São Gabriel da Palha, está há quase seis meses no xadrez sem conseguir decisão favorável a um único recurso. Dá o azar de não aceitar as indecorosas propostas que lhe fazem até antigos companheiros para ter sua prisão relaxada.  
Prisão esta por motivos dos quais jura inocência. E promete, mais cedo ou mais tarde, volta triunfal à política.  
Há mais de dois meses ele espera habeas corpus do Supremo Tribunal Federal.  
 
Paranóia americana  
Vice-prefeito de Vitória, Ademir Cardoso (PSDB) retornou de um passeio aos Estados Unidos assustado com a paranóia do governo americano desde o atentado de 11 de setembro ao World Trade Center.  
E acha que logo os próprios americanos vão se enjoar disso.  
 
Recompondo as bases  
Depois de estressante embate pelo frustrado impeachment do governador José Ignácio, o deputado estadual Juca Alves (PSDB) tenta recompor suas bases para garantir a reeleição.  
E vai garimpar votos em Barra de São Francisco, onde ainda não está bem claro se o cacique Enivaldo dos Anjos vai lançar mesmo o nome do filho Giuliano à Assembléia.  
 
Disseram  
“Estes, que são contra as alianças do partido, não querem que o PT chegue ao poder”.  
Lula, presidenciável do PT, reagindo à oposição do ultra-radical deputado Milton Temer (RJ) à aproximação do partido com o PL e a Igreja Universal do bispo Edir Macedo.  
 
Cinzas  
Em Salvador, trio elétrico só ganha força se tiver patrocinador – e camarote virou fonte sazonal de renda de artistas que já tiveram momentos melhores, como Daniela Mercury e Gilberto Gil. Cujo palco especial, bancado pela Renault, recepcionou o presidente da Ford, Antonio Maciel, precisamente quando passava em frente o trio de Osmar e Dodô, que parou para homenagear seu patrocinador – ninguém menos que a própria Ford. Maciel foi convidado a se retirar.  
Lá embaixo, no chão, o povão seguia animado, sem bem saber se o que cantava era axé, marchinha ou algum jingle criado nos laboratórios de uma agência de propaganda. Sempre criticado pela Igreja como uma festa profana, o Carnaval – outrora o mais público e gratuito folguedo popular – chega a 2002 dessacralizado pelo marketing. Que a tudo privatiza, uniformiza e reembala para consumo de massa, como se tirasse da torneira água vendida como mineral.  
É o Carnaval de negócios, política e negociatas. Tão falso quanta a alegria de arlequim.

  
desembargador Moulin

Gratz

Max

Lula

Luiz Paulo Vellozo Lucas

Elias, o criador de Guerino

deputado Marcus Vicente

Ademar Rocha

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