Vidabrasil circula em Salvador, Espírito Santo, Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo Edição Nº: 301
Data:
28/2/2002
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» Índice
» Editorial
O País do Carnaval
» Autos
Colecionar Uma paixão sem pátria ou idade
» Triangulo
João, o principal escudeiro pessoal do governador José Ignácio, tem faro apurado para detectar puxa-sacos
» Turismo
O suntuoso Plaza de Nova York, com seus 90 anos, continua sendo o maior símbolo da cidade
» Boca Miuda
Livres, enfim
» Pesquisa VidaBrasil de Opinião Pública
“VidaBrasil-melhores de 2001”
Editorial

Aumento acelerado da violência no Brasil?  
Grave crise econômica na Argentina?  
Ameaças constantes de ataques terroristas nos Estados Unidos?  
Novas regras impostas pelo euro leva a União Européia a patinar diante das incertezas?  
Enfim, o mundo tem problemas?  
Para a grande maioria dos brasileiros, que por praticamente uma semana, adia decisões, trabalho e projetos, as respostas para essas perguntas parecem ser definitivamente não.  
O motivo é simples: É Carnaval.  
Entra ano e sai ano e o “País do Carnaval” mantém intactas atitudes que certamente escapam à compreensão daqueles que, mesmo sendo brasileiros, já se enquadraram na nova ordem econômica imposta pela globalização.  
Nessa época do ano, são esses que questionam: até quando o Brasil vai insistir em não mudar essas atitudes?  
A expectativa é de que somente as próprias contradições embutidas na maior “festa popular” brasileira poderão acordar essa nação.  
Quem presta atenção em alguns números divulgados sobre as festas realizadas pelos quatro cantos do país certamente questiona sobre o que ainda há de “popular” no Carnaval.  
Na Bahia, por exemplo, que desde a década passada vem imprimindo e exportando para outros estados ritmos e regras próprias para o Carnaval, é possível observar quão facilmente o público se tornou privado na tão propalada manifestação popular.  
Afinal, em um país onde o salário mínimo é de apenas R$ 180,00, são poucos aqueles que podem pagar de R$ 400,00 a R$ 1 mil por um abadá para ter direito a dançar na rua. Nesse caso a cobrança fica por conta do privilégio de estar protegido por cordas e leões-de-chácara.  
Criando sua moda, a Bahia impôs uma nova norma: a rua que sempre foi pública passa a ser dividida em função do quanto cada um pode pagar para ocupar um espaço.  
Para aqueles que não têm como bancar os elevados valores cobrados pela indústria do Carnaval baiano, está reservado o lugar da “pipoca”. É lá onde milhares de pessoas se aglomeram para acompanhar o que sobra do som dos frenéticos trios elétricos e suas bandas.  
Fica aqui a questão: serão realmente públicas as ruas da Bahia?  
Aliás, mesmo fora do Carnaval, as contradições entre público e privado insistem em se superar na Bahia.  
Desafiando qualquer garantia constitucional, alguns políticos baianos ultrapassam seus limites e mostram até onde se pode chegar quando o objetivo é “conquistar” o voto do eleitorado.  
A pérola dessa política foi a lei criada pelo deputado do PDT, João Henrique, que proíbe a cobrança pelo estacionamento em shoppings centeres, transformando o privado em público.  
É definitivamente a Bahia.



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