Vidabrasil circula em Salvador, Espírito Santo, Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo Edição Nº: 325
Data:
28/2/2003
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A saga de um emigrante madeirense que foi para a África do Sul e fez fortuna.  
O filho voltou às origens para continuar e ampliar o império do pai  
 
Aos 24 anos, Dionísio Pestana, recém-formado em Business Economics, foi convocado por seu pai, Manuel, para recuperar os negócios da área hoteleira da família que estavam praticamente falidos.  
Aceitou o desafio.  
Em 1976, saiu de Joanesburgo, na África do Sul, e sem falar uma palavra sequer em português, chegou à Ilha da Madeira, em Portugal, para salvar o Hotel Sheraton da ruína. Lá encontrou o estabelecimento numa situação, no mínimo, complicada. Mesmo perdendo dinheiro, Pestana era obrigado, por força de contrato, a repassar ao grupo americano Sheraton 5% do faturamento e 10% dos lucros.  
Dionísio não se assustou com as adversidades. Reagiu à altura. Convocou os parceiros americanos para uma reunião e alterou o contrato que mantinha com eles. A partir daquela data, passou a repassar 20% do total dos lucros.  
A primeira etapa para recuperar o negócio foi cumprida.  
Mas faltavam as dívidas. Dionísio foi ao Banco Nacional Ultramarino e conseguiu o perdão da metade de seu débito. A outra parte pagaria ao longo de alguns anos.  
Seis anos depois, em 1980, o Sheraton estava recuperado.  
Esse foi o primeiro desafio que Dionísio Pestana assumiu sozinho. A partir daí não parou mais. O proprietário do maior grupo hoteleiro português, o Pestana Hotéis, é um mestre da arte de aproveitar as crises para crescer.  
O pai, Manuel Pestana, um madeirense que partira para a África do Sul em busca de uma vida melhor, comprou o hotel no início da década de 70. Mas não regressou à Ilha da Madeira para gerir o novo negócio. Fez uma parceria com os americanos da Sheraton e nomeou um diretor. Até 1974, a estratégia deu certo. O hotel estava sempre lotado.  
O golpe – Mas veio o “25 de abril” (golpe de estado) trazendo enormes complicações para a iniciativa privada portuguesa e, conseqüentemente, aos negócios de Pestana. Os funcionários do hotel exigiram que os americanos fossem afastados da gestão e proibiram o diretor de entrar nas instalações. Manuel Pestana perdeu o controle da situação e os financiamentos. Nos dois anos que se seguiram, o Sheraton só manteve as portas abertas porque a banca nacionalizada “injetava” capital.  
Mas Manuel não aceitava a idéia de perder o seu hotel, e encontrou na capacidade administrativa do filho a oportunidade que precisava para recuperar o negócio e voltar a crescer.  
Dionísio Pestana correspondeu às expectativas do pai. O Sheraton foi o primeiro hotel da região a conseguir dar a volta por cima. Isso permitiu investir enquanto a concorrência ainda tentava se recuperar. Dos 300 quartos, ampliou para 600 – e vendeu 150 em regime de time-sharing para 16 mil famílias.  
A crise do petróleo de 1985 nem beliscou Dionísio Pestana. O empresário estava em pleno crescimento. Tinha muito dinheiro para aproveitar boas oportunidades.  
Comprou o Casino Park Hotel, o maior cinco estrelas em Portugal, com centro de convenção, cinema e sala de jogos. Em 1986, ainda durante o período de recessão, adquiriu a ITI – Investimentos Turísticos da Ilha da Madeira, por um valor muito abaixo do preço de mercado. Prova disso é que, um ano depois, vendeu 25% da empresa por um valor equivalente ao da compra dela toda.  
Dionísio Pestana não ficou por aqui.  
Em 1987, comprou o Salvor, empresa proprietária de hotéis no Algarve, e traçou a meta de abrir um hotel por ano. Nunca mais parou de crescer.  
O grupo Pestana construiu unidades hoteleiras em Lisboa, Algarve, Brasil e em Moçambique. Ao todo, a rede de hotéis soma dez mil leitos. Quatro aviões asseguram o transporte dos passageiros que lotam os quartos.  
Dionísio Pestana também é proprietário de uma agência de turismo na Inglaterra e de uma estação de produção de energia eólica na Ilha da Madeira. É ele quem dirige a SDM, sociedade que gere os 120 hectares da Zona Franca da Madeira.  
Desde 1994, voltou a dedicar-se ao negócio que o pai estabeleceu na África do Sul: as bebidas. Comprou a empresa Cervejas da Madeira, líder de vendas nos dois arquipélagos portugueses, e obteve licença para engarrafar e distribuir a Coca-Cola, Fanta e Sprite na região  
 
uel, o começo  
Na Ilha da Madeira, o agricultor Manuel Pestana vivia miseravelmente. Trabalhava muito, mas o dinheiro mal dava para sobreviver. Estava realmente cansado e sem perspectivas de melhorar de vida em sua terra natal. Foi por isto que, em 1945, com apenas 26 anos e recém-casado, ele decidiu arriscar a sua sorte em outro país.  
Sozinho e sem falar inglês, Manoel Pestana embarcou para a África do Sul.Tinha na bagagem apenas uma enorme vontade de triunfar.  
Foi na agricultura que Pestana começou a trabalhar no continente africano. Precisava juntar algum dinheiro.  
Somente após seis anos é que ele conseguiu montar seu primeiro negócio. Entrou no ramo de bebidas. Arriscou e ganhou. Valeu a pena.  
Ganhou dinheiro para, finalmente, pagar a viagem de sua mulher, Caridade, para a África do Sul. Ela chegou ainda naquele ano. Dionísio, o único filho do casal, nascia um ano depois.  
O lucro das lojas de bebidas não parava de crescer. Manuel tinha tino para os negócios. Investia tudo o que ganhava em ações de minas de ouro. Só comprava quando os preços estavam baixos.  
Na década de 60, quando a crise assolou a bolsa sul-africana, Manuel aproveitou os preços baixos do mercado de capitais para aumentar as suas participações em companhias que exploravam minas de ouro. Quando a economia recuperou, as ações sofreram uma impressionante valorização. Novamente a aposta foi ganha.  
Surgiu então um novo desafio: investir fora da África do Sul. Sem temor, Manuel Pestana comprou o prédio Funchal, em Lourenço Marques, atualmente Maputo, em Moçambique.  
No início da década de 70, adquiriu um terreno na sua terra natal, Ilha da Madeira, para construir um hotel. O Sheraton abriu as portas em 1972. Os dois empreendimentos tiveram êxito.  
Mas veio o “25 de abril de 1974” que cortou o ritmo de crescimento do grupo Pestana. O prédio Funchal e o Hotel Sheraton foram nacionalizados. Caberia ao filho, Dionísio Pestana, recuperar as pérolas do império do pai.  

  
Low profile, Dionísio Pestana com a esposa Margarida em uma de suas raras aparições públicas

Da família Marinho, Pestana adquiriu em plena Copacabana, o Rio Atlântica Suites. Um luxo!

Os aviões da companhia aérea de Pestana, cortam os céus da Europa e da África

O Carlton Palace Hotel, em Lisboa, é um ícone do grupo Pestana

Manuel

Em Salvador, o antigo Meridien foi comprado e reconstruído pelo grupo Pestana, transformando-se em um dos melhores hotéis da capital baiana. Na sua inauguração, o sorriso de realização de José Roquete que dirige o grupo no Brasil



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