Quando o governo ameaçou pegar fogo,diante de um movimento que cami-nhava para a aprovação do pedido de impeachment do governador na Assembléia Legislativa no ano passado, foi a ele que o Palácio Anchieta recorreu. Marcus Vicente deixou a tranqüilidade de seu mandato de deputado federal, muito bem articulado com lideranças municipais de norte a sul do Estado, para ocupar o estratégico posto de secretário-chefe da Casa Civil. Ficou cinco meses, o tempo suficiente para salvar o governador, costurando politicamente uma nova base governista na Assembléia.
“Fiz isso por absoluto amor ao meu Estado. Aquele clima de instabilidade política estava ameaçando os investimentos previstos pela iniciativa privada para o Espírito Santo”, afirma Marcus Vicente, sem esconder que tinha mais a dar ao Estado naquela função, mas que foi sabotado por “forças ocultas que se movem nos bastidores do governo”.
Voltou para Brasília, recompôs sua base política, está em plena campanha pela reeleição e envolvido até o pescoço no movimento de fortalecimento dos municípios na discussão da sucessão estadual. “O candidato que valorizar esse movimento vai ter nosso apoio”, salienta.
Aos 45 anos, bacharel em Direito, presidente da Federação de Futebol do Estado desde 1994, casado há 22 anos com a atual prefeita Naciene Vicente (PFL), de Ibiraçu, católico praticante, pai amoroso de três filhos (Flávia, Marcos e Lucas), Marcus Vicente pode ser considerado um fenômeno. Ibiraçu é um dos menores colégios eleitorais do Estado.
Mesmo assim, depois de ser vereador e não conseguir se reeleger, ele voltou seis anos depois para ser prefeito, depois candidatou-se a deputado federal em 1994, ficou como segundo suplente, assumiu o mandato por dois anos (1997), tempo suficiente para consolidar um trabalho que lhe deu, na eleição de 1998, uma votação mais de três vezes maior do que a que tivera anteriormente. “Isso é resultado de trabalho”, garante.
– Deputado Marcus Vicente, um pouco de sua trajetória.
– Fui vereador de Ibiraçu de 1977 a 82. Depois, fiquei seis anos sem mandato. Depois, prefeito de 89-92. Fiquei quatro anos sem mandato, mas obtive a segunda suplência de deputado federal em 1994. Em 1996, me elegi prefeito novamente. Assumi, fiquei 13 dias. Por um plebiscito da comunidade de Ibiraçu, 98% da população achou que eu deveria renunciar para assumir a Câmara Federal, em função da eleição do prefeito Jorge Anders em Vila Velha e de Luiz Paulo, primeiro suplente, em Vitória. Então, em 14 de janeiro de 1997 assumi a Câmara dos Deputados.
– E seu vice era quem?
– Era Sebastião Matiuzzi, que virou prefeito, me traiu e tivemos que trabalhar separadamente e o grupo decidiu escolher Naciene, minha esposa, que se elegeu prefeita em 2000.
– Mas antes o senhor se reelegeu deputado.
– Sim, em 98 me reelegi com um crescimento da votação em 332% com relação a 94. E agora sou candidato de novo à reeleição e estou trabalhando para, se Deus quiser, conseguir isso.
– O projeto do sr., depois de prefeito, foi realmente ser deputado federal sem passar pela Assembléia?
– Em nenhum momento pensei em passar pela Assembléia. Porque, além de um projeto que passa, futuramente, por uma eleição majoritária, que pode ser o governo ou o Senado, sempre considerei o voto mais difícil o de vereador e de deputado estadual. Sou de um município pequeno, mas por estar no futebol, que torna a pessoa mais conhecida por causa da mídia esportiva, saí direto para deputado federal, que é um voto mais solto. Claro que isso estabelecendo compromissos com grupos políticos.
– Como se explica o fato de o sr. vir de um dos menores colégios eleitorais do Estado, onde foi vereador e perdeu uma reeleição, e hoje ser um dos políticos mais importantes do Espírito Santo?
– Acho que tudo isso é marcado pelo trabalho. Meu pai era uma figura humilde, nordestino, funcionário do DNER. Minha mãe costurava roupa para fora. Eu sou o mais novo de uma família de dois casais de filhos, mas desde os 16 anos passei a ser meio arrimo de família para ajudar os meus irmãos, e isso me fez ter uma responsabilidade muito grande e uma visão de que Deus me colocou nessa trajetória para cumprir uma missão. Na parábola do Evangelho que fala dos talentos a recomendação é que multipliquemos os talentos que recebemos de Deus.
Sou de um dos menores colégios eleitorais do Brasil que tem um deputado federal que é filho da terra, vota e mora em sua terra. E, se Deus quiser, jamais sairá de lá.
– O sr. é evangélico?
– Não, sou católico, mas um católico que sei de minhas responsabilidades. Às vezes as pessoas me perguntam isso até com certa surpresa, pela minha determinação, porque a Bíblia diz que toda autoridade provém de Deus e o poder deve ser sempre exercido em nome dEle.
– Sua igreja apóia o senhor?
– Acho que institucionalmente não há essa preocupação. A Igreja se preocupa em apoiar os candidatos que trabalham pela política limpa, com decência, ética, responsabilidade, sobretudo pela valorização da dignidade humana. Essa sempre foi a minha preocupação. Estou na política para ajudar a fazer com que as pessoas possam caminhar com as próprias pernas. Todo mundo ter trabalho, renda, uma casa para morar, todas as crianças na escola, todos os doentes assistidos. Enfim, acho que essa agregação de valores sociais é o grande diferencial de minha prática política.
– Que tática o senhor usou para, em dois anos de mandato, fazer sua votação crescer mais de 300%?
– É como se eu estivesse entrando no intervalo do jogo, para jogar só o segundo tempo. Isso me deu uma motivação grande, sabia que havia um espaço a ser preenchido. Procurei respeitar o espaço dos meus companheiros, mas sobretudo coloquei-me ao lado do governo para que esse apoio pudesse ser traduzido em benefícios para meu Estado. Assim fiz com o governador Vitor Buaiz e com o presidente Fernando Henrique. Não para favores pessoais, mas para trazer de volta para o Espírito Santo o que o Estado merece. Somos o 7º arrecadador de impostos para a União, mas na hora do retorno somos o 16º Estado no ranking da Federação.
– Com essa afinidade que o senhor tem com Brasília, por que o senhor deixou o mandato e veio assumir a Casa Civil do governo José Ignácio?
– Na verdade, eu já havia sido convidado para ser secretário de Agricultura e de Educação logo após as eleições municipais de 2000, em função de um interesse do presidente Fernando Henrique, interesse que não quero nem criticar e nem apoiar. Mas achei que aquele não era um motivo para que eu viesse a trocar o mandato por uma secretaria.
– O interesse do Presidente era a posse da Rose de Freitas!
– Era a ida da Rose para a Câmara dos Deputados, já que ela era a segunda suplente da coligação e o primeiro suplente, Aloízio Santos, foi eleito prefeito de Cariacica.
De repente, quatro meses depois eu fui chamado para a Casa Civil em função dos acontecimentos que estavam ocorrendo no Espírito Santo. Com o apoio da Assembléia Legislativa, resolvi aceitar porque era o que mais gosto de fazer: articulação política. Isso faria com que estivéssemos bem próximos da realidade dificílima que o Estado vivia e foi muito mais do que minha lealdade ao governador. Foi minha lealdade ao Espírito Santo, que me deu o mandato de deputado federal duas vezes.
Nem à minha esposa eu consultei para aceitar o convite para a Casa Civil. Eu disse sim sobretudo ao meu Estado, que precisava sair daquele momento político difícil para se tornar um Estado governável. Eu vi que os investimentos que estavam vindo para o Espírito Santo poderiam ser perdidos e, com isso, perderia toda a sociedade.
– O que o senhor conseguiu fazer nos cinco meses em que passou na Casa Civil, o que não conseguiu, e por que o senhor saiu de lá?
– Nós conseguimos fazer uma base para salvar o governo do impeachment. Era uma base de 14 deputados. Os três do PFL não puderam votar por causa da questão fechada pela direção nacional do partido. Foram finais de semanas inteiros trabalhando essa costura política. Todo o conjunto do governo, comigo à frente da articulação, foi o que ajudou a salvar o governo.
O que deixei de fazer, impedido por forças ocultas que se escondem atrás do governo, foi levar o governador a ficar todos os finais de semana inaugurando obras, já que existem centenas de obras em todo o Estado. Não consegui essa articulação com as secretarias.
Saí por isso. Se não podia articular bem o governo, e nem levar o governador para inaugurar as obras que ele mesmo fez, minha função perdeu o sentido, já que eu havia deixado meus prefeitos, vereadores e lideranças de todo o Estado sem respaldo em Brasília. Eu não poderia ficar sem poder fazer essa ligação do governo com os municípios.
– Ficou alguma decepção de tudo isso?
– Ficou, e vou contar tudo isso no meu livro de memórias daqui a 20 anos. Hoje não posso contar o que houve. Houve mais decepções do que alegrias, principalmente por parte de pessoas que, dentro do próprio sistema, atrapalham o governo de fazer o que é do bem comum.
– O governo chegou com seu apoio. Hoje, qual sua relação com o governo?
– Com o governador, de amizade e respeito. Com o governo, é uma relação de parlamentar que está ao lado de seu Estado. Assim foi com o governo Vitor Buaiz. Sempre que necessitar de mim em Brasília, sempre estarei ao lado de meu Estado e do governo. Com isso, estarei ao lado da população capixaba.
– O senhor acha que a falta de apoio para que pudesse fazer o que era preciso foi resultado de algum medo de que o senhor crescesse politicamente?
– Essas relações intragoverno são muito complexas. Eu faço política de peito aberto. Se erro, é porque sou humano e não porque quero. Mas acredito que essas forças ocultas existem neste e em todos os outros governos, e atuam nos bastidores, de forma subjetiva. Não se consegue ver na clareza das palavras o real objetivo das pessoas.
– Mas o senhor sentiu que havia ciúmes?
– Claro que senti. Não quero falar muito sobre isso por questões éticas, mas no regi-
me democrático presidencialista que vivemos, no Estado de direito, não há lugar mais para executivos que não sejam fortes e que não sejam claros diante da sociedade sobre aquilo que querem, principalmente no atendimento aos reclamos da sociedade. Então, acho que esse ciúme houve até porque vim na expectativa da esmagadora maioria da Assembléia de que esses objetivos todos estariam claros pela minha presença.
– A tempestade passou, pelo menos o governo superou o risco do impeachment, e o governador está aí candidato à reeleição. Que avaliação o senhor faz do atual momento político do governo e aonde isso vai chegar?
– Isso é difícil de responder. As pesquisas recentes mostram o quadro real e não serei eu, que não sou especialista no assunto, a desdenhar da visão que a sociedade expressa em relação ao governo. O que vejo é que aqueles objetivos iniciais foram por água abaixo. Infelizmente eu sonhei junto com o governador José Ignácio, num projeto político do PSDB, que não pôde ser realizado.
Muitas coisas positivas foram realizadas. Esses méritos são indiscutíveis, de colocar a casa em ordem, mas muitas coisas negativas também foram feitas e isso ficou claro para a sociedade. Acho que o presidente Fernando Henrique tinha razão quando não quis a CPI da Corrupção porque uma CPI tem dia, hora, local e objeto para começar, mas não tem como terminar sem que seja com holofotes e fogueira de vaidades acesa, diante do interesse que ela desperta.
Nunca aceitei requerimento de CPI na Câmara porque não acredito eu seja papel parlamentar fazer função de polícia e de Ministério Público. É papel de fiscalização e de denunciar as coisas erradas, mas nunca de ser um tribunal inquisitório e, pior, denunciar pelos jornais antes de culpa formada.
Acho que foi um erro político do governo do Estado quando não trabalhou contra a criação da CPI. Não que eu seja contra que se investigue o que é suspeito, em busca de esclarecimentos. Pelo contrário, acho que os fatos precisam ser esclarecidos, os culpados encaminhados à Justiça para que sejam julgados e condenados, se for o caso, à luz do direito, mas acredito que a CPI serve muito mais de palco de vaidades pessoais, esquecendo o que realmente interessa à sociedade.
Talvez no lugar do governador eu tivesse tomado a mesma atitude, de permitir a instalação da CPI, se estivesse convicto de que nada havia de errado, mas acho que a CPI traz um mal para a sociedade, porque abre uma ferida política que traz, além dos transtornos políticos e instabilidades, desconfiança dos investidores, que querem ter a tranqüilidade de investir em um Estado em paz social e com credibilidade para as autoridades.
Então, em relação à política estadual, prefiro dizer que estou em plena campanha para a minha reeleição e que, no momento próprio, eu vou discutir. Saí no dia 1º de outubro da Casa Civil e desde então nunca mais o governador me chamou para conversar sobre política. Só posso, portanto, emitir opinião e tomar posição com quem eu converso sobre política.
– E com quem o senhor tem conversado política hoje?
– Converso com os prefeitos, os vereadores, os vice-prefeitos, as lideranças comunitárias, a sociedade organizada, com pessoal dos servidores estaduais e federais, tenho boa relação com a Receita Federal, com os procuradores do INSS, com a polícia rodoviária federal, com o pessoal do Patrimônio da União, do TCU. Fui três anos e meio membro efetivo da comissão de trabalho e administração pública da Câmara e isso me aproximou muito das necessidades e reclamos dos trabalhadores federais.
Converso muito também com dois terços da Assembléia, com quem tenho uma relação de afinidade. Construída em minha passagem pela Casa Civil. Houve respeito e credibilidade nesse período.
– Mas o senhor tem compromisso com alguém para a sucessão estadual?
– Repito que meu compromisso é com os meus interlocutores políticos. Os prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, líderes comunitários, lideranças da socieda-
de civil organizada. Estou ligado ao movimento de fortalecimento dos municípios. O candidato que apresentar em sua proposta o compromisso com o fortalecimento dos municípios, com a participação das lideranças do interior na discussão política do Estado, este vai ter o meu apoio e o apoio do grupo ligado a mim.
– O senhor disse ser contra CPI, mas o senhor acha que o que houve na política do Espírito Santo haveria sem a CPI?
– Veja bem, eu sou contra a CPI até a instalação. No momento em que instalou a CPI tem que ir em frente. Foi bom ter acontecido porque os fatos foram esclarecedores, os culpados terão ainda que pagar perante a Justiça. Neste caso, ela foi benéfica para a sociedade capixaba.
– Em nível nacional, o senhor já tem posição em relação a presidente da República?
– Meu candidato chama-se Aécio Neves. Desde novembro de 2000, quando ainda era líder do PSDB e eu era do partido. Fiz uma entrevista com o Tarcísio Holanda na TV Câmara e nas considerações finais lancei o nome de Aécio Neves para presidente da República quando ele era candidato a presidente da Câmara.
Ele me perguntou por que e eu respondi: porque é mineiro, a família do pai e da mãe são tradicionais na política, ele é jeitoso, é jovem, gosta de fazer política.
E eu digo mais: ele é articulador, ganhou a Presidência da Câmara quando poucos acreditavam nisso, e eu fiz parte do time de frente dele. Então, em nível nacional estamos todos aguardando a decisão do STF sobre a verticalização. Para mim, isso só valeria para a próxima eleição.
Acho que ainda tem muita água para rolar, o meu candidato é Aécio Neves e até 30 de junho pode mudar muita coisa. Tenho conversado muito de política em Brasília, mas converso aqui também. Acho que o quadro aí pode mudar, mesmo no Estado nada pode ser colocado como certo e definitivo. Acho que haverá segundo turno tanto em nível nacional quanto estadual.
– O senhor disse que seu candidato é Aécio Neves, mas ele não é candidato. Do quadro que está aí, qual sua posição? O candidato da legenda do Aécio é o José Serra. Qual o nome que lhe enche os olhos?
– Do quadro que está aí, nenhum nome me enche os olhos. Sou radicalmente a favor do Espírito Santo, e sou brasileiro por vocação, amo meu país. Então, acho que o mais bem-preparado é o José Serra. Só que politicamente tenho algumas diferenças, porque, como ministro da Saúde, ele nunca me recebeu como deputado federal. Se ele não me recebeu, ele não recebeu também a delegação que me foi conferida pelos meus eleitores, que são parte da sociedade capixaba, e que trago no bojo de minha responsabilidade.
Não vou dizer que dessa água não beberei, porque em política não existe isso. Mas é preciso que meu Estado seja colocado sobretudo com respeito, e tenho minhas indagações sobre os paulistas, principalmente os paulistas do PSDB, porque, se dependesse deles, já teriam acabado com o Fundap.
Então, por ser radicalmente a favor do meu Estado, e municipalista por vocação, o sistema Fundap nunca pode acabar, sob pena de acabarem com metade do Espírito Santo. O Fundap é uma sustentação econômica, geradora de empregos e de valores econômicos, de grande realização do governador Cristiano Dias Lopes Filho em 1969, e jamais poderá acabar.
Tenho uma resistência muito grande ao Serra, não apenas por nunca ter me recebido como deputado, mas por saber que ele carrega, no bojo de suas intenções subjetivas, o interesse em acabar com o Fundap. Isso é como querer acabar com a metade do Espírito Santo.
– O governo do Estado publicou uma nota recentemente, assinada pelo advogado Nelson Aguiar, reclamando da bancada federal. Como é essa relação do governo com a bancada?
– Eu acho que o governador utiliza-se pouco da força da bancada federal. De minha parte, sempre estive e estarei à disposição dos interesses do meu Estado em Brasília. Todos os prefeitos e demais lideranças do Estado sabem disso, porque fazem de meu gabinete um posto avançado dos interesses capixabas na capital federal.
Agora, são incontáveis as vezes em que o governador foi a Brasília tratar de alguns interesses e sequer me avisou. Se sou um antigo aliado e não fui avisado, imagino que os demais deputados também não o tenham sido. A menos que exista um ou outro que o governador ache que tenha mais força do que toda a bancada unida. Neste caso, paciência.
Justiça seja feita, o secretário da Fazenda, João Luiz Tovar, sempre utiliza minha participação política em Brasília para ajudar o Estado na área em que ele atua.
– O senhor transitou pelo PDS, PSDB e, agora, está no PPB. Ideologia na política brasileira não tem importância?
– Eu que sou do interior posso dizer de coração, como alguém que faz política com amor e com a visão de que ela tem função social de alavancar as pessoas que mais precisam, que ideologia não traz felicidade para ninguém. A felicidade nasce no coração da gente e, na política, é transposta quando você transforma isso em ação política para construir uma sociedade melhor no tempo em que você vive.
Não vejo PDS, Arena, PT, PMDB, PSDB, nenhuma sigla partidária capaz de transformar nada. Quem transforma é o coração da gente, é o ideal, a vontade e o compromisso que se tem com a sociedade.
– Deputado, como é ser deputado federal e ter a mulher como prefeita? Como é isso dentro de casa?
– É uma coisa muito interessante. Temos que separar a agenda do domingo para a igreja e para os filhos, exatamente para preservarmos o que é mais importante na vida do homem: Deus e a família. Na medida em que você tem Deus em sua trajetória e uma família bem estruturada, você é uma pessoa feliz.
Eu posso dizer de coração aberto que sou um homem plenamente realizado, porque estou bem com Deus e minha família. E estando bem com Deus e minha família estou bem com a comunidade.
– Existe alguma chance de uma candidatura sua que não seja a deputado federal?
– Em política tudo é possível. Já diziam Tancredo Neves e Tito Valadares que política é como nuvem no céu, muda a toda hora. Daqui a 90 dias pode mudar tudo, mas eu dirigia que, hoje, essa possibilidade é mínima. Pode ser, mas nunca será uma aventura. Terá que ser um projeto político onde estejam inseridos os interesses do Estado.
– O que seria, em sua avaliação, um Espírito Santo viá-
vel e, conseqüentemente, um governo viável?
– Seria o Espírito Santo do desenvolvimento, do progresso, da paz social. Um Estado onde haja equilíbrio e segurança para os novos investimentos, geradores de emprego e renda para nossa população. Acredito no capital produtivo, não no capital especulativo. E capital produtivo é aquele que gera riqueza a ser distribuída para o estado de bem-estar social.
Fomentar isso é papel do Estado, num tempo em que o governo precisa ingerir menos na economia e cuidar bem de suas atribuições principais: saúde, educação, segurança, programas de assistência para os excluídos, incentivo à produção agrícola familiar, aos empreendimentos que tenham compromisso social.
Se eu fosse governador, empreenderia projetos que visariam a eliminar o analfabetismo, a garantir pleno acesso de nossas crianças à escola, moradia para todos, a combater a fome, a reduzir as desigualdades sociais, à prevenção nas ações de saúde, a motivar a polícia a exercer sua função social de garantir segurança a toda a sociedade. Buscaria a colaboração dos idealistas, porque é dos sonhos que nasce a realidade melhor para todos
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