“Recebo diariamente muitos convites para jantar, mas dificilmente posso aceitá-los. É que os jantares marcados para as 9 horas costumam começar entre 11 horas e meia-noite, e nunca se pode sair desses acontecimentos antes da 1 hora da manhã.”
Assim, Rolim Adolfo Amaro iniciou um de seus artigos que eram publicados na revista de bordo da TAM “Classe”, na seção Palavra do Comandante.
A sabedoria com que o saudoso empresário, que marcou a história da aviação nacional, descreve a importância e a urgência de se alterar esse hábito latino-americano precisa ser observada com mais seriedade pelos promotores de eventos.
Até mesmo porque esse hábito está se tornando, no mínimo, inconveniente nesses tempos de globalização.
Em seu texto, Rolim Amaro ressalta que para ele e “centenas de empresários que trabalham muito” sair de uma reunião entre amigos altas horas da noite é “quase uma sentença de morte para o dia subsequente”.
Não há exagero nas palavras do comandante.
Há, sim, o retrato da realidade que, muitas vezes, somos obrigados a enfrentar quando optamos por aceitar um convite. Basta parar para pensar e logo nos lembramos de quantas vezes chegamos atrasados a reuniões após uma noite em jantares previstos para serem iniciados às 9 horas mas que só aconteceram por volta da meia-noite.
Será possível nos esquecermos das inúmeras vezes que tivemos dificuldade para tomarmos alguma importante decisão depois de uma noite maldormida?
Com certeza, não.
Muito provavelmente esse deve ser o motivo pelo qual, cada vez mais, cresce o número de pessoas que acaba optando por recusar um convite, perdendo o prazer do convívio com amigos.
Nesse ponto, endossando as palavras do comandante, VidaBrasil questiona: vale a pena manter esse hábito tão irracional?
A resposta parece óbvia.
Não podemos nos esquecer que o mundo muda. Precisamos acompanhar os novos ritmos.
Se nessa aldeia global trocamos informações e produtos, por que não podemos trocar hábitos?
“Outro dia, na embaixada de um importante país, na Inglaterra, quando chegou a hora determinada para terminar o jantar, o embaixador levantou-se de sua cadeira, foi até à porta, onde havia recebido os convidados e, junto com sua esposa, começou a despedir-se de todos, já que as luzes começavam a ser apagadas dando por encerrada a reunião”, descreve o comandante Rolim em seu texto.
Imagine uma cena desse tipo no Brasil.
Como provavelmente reagiríamos?
Mas, será que não é hora de aplaudirmos alguém que se proponha a tomar tal atitude?
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